segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Internacional

Música da Banda de Punk Rock "Garotos Podres"

De pé, ó vítimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra
Cortai o mal bem pelo fundo
De pé de pé não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo ó produtores
Senhores patrões chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum
Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós com nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito
O Crime do rico a lei o cobre
O estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido
A opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres
Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Queremos que nos restituam
O povo quer só o que é seu
Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos trabalhadores
Se a raça vil cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais
Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a terra aos produtivos
Ó parasita deixa o mundo
Ó parasita que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol te fulgurar
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional
Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A internacional

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Um retorno à Idade Média

Um texto bastante elucidador do editor da revista Scientific American Brasil (Sciam), o cientista Ulisses Capozzoli, sobre o "fim" do mundo, embusteiros e obscurantismo.

Terminar 2012 sob boataria, prevendo o fim do mundo em 21 de dezembro, certamente merece alguma reflexão.
Na segunda década do século 21, quando a Voyager-2 se encontra a mais de 18 bilhões de km da Terra, uma navegação que convive com temores típicos do passado pré-científico evoca um paradoxo perturbador.
Navegamos rumo a outras estrelas, ao mesmo tempo em que retrocedemos no tempo e vivenciamos temores típicos da Idade Média.
O que levou multidões nas mais diferentes regiões do mundo a dar crédito a uma fabulação sem qualquer sentido racional e temer, uma vez mais, o fim da humanidade?
Várias questões podem ser levadas em conta para uma resposta possível e, em conjunto, é possível que elas forneçam uma idéia satisfatória.
Vivemos uma crise de valores em que, de maneira geral, o que era não é mais e o que deve ser ainda não é.
A sucessão e o ritmo de mudanças a que estamos submetidos dificulta a percepção de uma idéia de processo e o resultado disso é um movimento desencontrado, profundamente desestabilizador do ponto de vista da estabilidade emocional.
Em pleno século 21 é possível que, com a idéia de fim do mundo, tenhamos de volta conceitos típicos de uma época pré-científica, da ciência mágica que antecedeu a ciência moderna.
É como se tudo pudesse ser processado de um único golpe e assim fosse possível retornar àquilo que os mitólogos conhecem como a “idade dourada”, uma época em que, supostamente, habitássemos o paraíso.
É possível que estejamos vivendo um retrocesso orquestrado por certo fundamentalismo de fundo religioso, refratário a princípios de racionalidade que formam a base do pensamento científico e de uma realidade pretensasmente contemporânea.
Como o mundo não acabou, que justificativa fornecerão aos incautos que lhes deram crédito uma diversidade de gurus, embusteiros, oportunistas e desajustados psíquicos de várias ordens?
Seguramente dirão que rituais, entre outras práticas desenvolvidas em diferentes regiões do mundo, tidas como “seguras para enfrentar o fim do mundo”, foram  responsáveis pela manutenção da naturalidade das coisas, ou seja, impediram que o mundo viesse abaixo como anunciado.
E assim continuarão explorando um filão rentável que extrai do desconhecimento mínimo de princípios naturais, lucros e outras vantagens indevidas.
Talvez não faça sentido atribuir a uma indústria de entretenimento gananciosa e desprovida de elementares sentidos de ética a responsabilidade por este momentâneo (?) retorno ao obscurantismo.
Mas não se pode dizer que essa versão inescrupulosa da indústria de lazer não tenha dado sua contribuição significativa para que as coisas tenham chegado a esse nível de retrocesso.
Ainda na quinta-feira à noite, pelo menos dois canais de uma rede de TV por assinatura alimentavam um clima de dúvida e insegurança numa programação com a participação de “autores” e “pesquisadores” , gente destituída de qualquer base lógica, para não falar em equívocos elementares, erros grotescos e citações e comparações despudoradamente indevidas.
O mundo de fato não acabou. Mas talvez não esteja muito longe disso.
As trevas do obscurantismo, oportunismos e retrogradação há muito tempo não demonstravam o quanto estão manipulando a história das mentalidades.
Fonte: Blog da Sciam

quarta-feira, 5 de junho de 2013

E de repente os amigos se fizeram inimigos....


Entrei para o “colegiado” dos professores este ano e não posso quantificar o quanto eu tenho tido satisfação por estar sendo professor. Obviamente toda vida, depois que tomei ciência e consciência das coisas, eu fui um observador critico e engajado na luta pela educação e em consequência, pelos direitos dos profissionais da educação, quais sejam, professores, diretores, quadro pessoal das escolas. Via de regra, também fiz questionamentos e mantive minha posição perante as lutas essenciais do movimento estudantil.

Mas coisas estranhas me ocorreram depois que passei a ser professor. De repente, em vez de mim considerarem mais um para se somar e fortalecer a luta da “irmandade” dos professores, alguns dos mesmos, que outrora se mostravam “amigos”, agora viraram “inimigos” pessoais. Por exemplo, um carismático professor de matemática, que foi meu professor de tal disciplina (prefiro chama-la de ARTE), de quem admiro com extremo respeito, uma vez que o mesmo me ensinou matemática com genuínos entusiamo e competência, que demonstrava muita amizade e gentileza, agora me ignora completamente. De onde quero pensar, embora de maneira não deliberada, que era apenas demagogia política, visto que até onde sei, o mesmo sempre fez “politica” nos bastidores.

“Santa dor de cotovelo”, diriam alguns. Seguramente não teria necessidade de eu dizer isso aqui, mas considero ser um ponto de reflexão para pensarmos as eventuais amizades mais distantes e uma vez mais analisarmos a amizade decorrente da relação professor-aluno. Se ela é realmente sólida e verdadeira. Ou se terá terceiras intenções envolvidas, como quase sempre há. E considerando que o tempo passa bem depressa, se a amizade persiste até aqueles nossos alunos se tornarem também nossos colegas de profissão.

De resto, ser professor tem vantagens e desvantagens como qualquer outra profissão. Há mais vantagens do que desvantagens, certamente. Mas uma desvantagem grande é “perder” eventuais amizades de seus ex-professores, seguramente!

Valdecir Ximenes, professor de Matemática (7° a 9° ano), na Escola São José, Mota.